A Neuralink, empresa de pesquisa e desenvolvimento de dispositivos médicos fundada por Elon Musk, está sendo investigada por agentes federais por suspeita de maus-tratos aos animais utilizados em seus experimentos, segundo uma reportagem divulgada pelo Reuters na última segunda-feira (05).

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) abriu o caso em vista de possíveis descumprimentos à lei de proteção aos animais do país. Segundo mais de 20 funcionários da companhia entrevistados pelo jornal, os experimentos estão causando sofrimento e morte de porcos por manuseio e preparação incorreta de dispositivos.

Atuais contribuidores e ex-funcionários afirmam que, em um dos experimentos mais recentes da Neuralink, 25 de 60 porcos teriam recebido um dispositivo de estudo com tamanho inadequado. Em outra ocasião, dois animais tiveram o aparelho instalado na vértebra incorreta, causando sofrimento. Um dos indivíduos precisou ser sacrificado.

A empresa matou cerca de 1.500 animais desde 2018, segundo documentos acessados pelo Reuters. A lista inclui ovelhas, porcos e macacos. Reportagens anteriores revelam que 16 primatas morreram em um teste com chip cerebral. A Neuralink chegou a ser denunciada em fevereiro deste ano, e enfim, as reclamações foram atendidas pelo USDA.

O número de mortes, por outro lado, não configura necessariamente em um descumprimento da lei norte-americana de proteção aos animais, uma vez que os laboratórios costumam fazer eutanásia para realizar exames pós-morte para propósitos de estudo.

A investigação dos agentes federais mira, portanto, a preparação inadequada de dispositivos médicos da empresa, que pode causar sofrimento e morte desnecessária de animais. O Reuters destaca um dos documentos que aponta quatro experimentos com 86 porcos e 2 macacos que precisaram ser eutanasiados por erro humano.

Um dos funcionários entrevistados pelo site de notícias relata que a equipe da Neuralink é colocada em situações de grande estresse. O cronograma apertado é uma das principais reclamações, e segundo as fontes, acaba resultando em má preparação dos funcionários para o cumprimento de prazos curtos.

As exigências, ainda de acordo com a fonte, fazem com que funcionários tenham que tomar decisões de última hora antes de procedimentos, colocando animais em risco desnecessário.

Elon Musk, fundador da empresa, seria responsável pela pressão na equipe de funcionários do laboratório. O executivo contata os funcionários com mensagens curtas no início do expediente, enviando textos como “Nós não estamos trabalhando rápido o suficiente” e artigos de empresas rivais que obtiveram sucesso com implantes cerebrais.

Até o momento, nenhuma das partes manifestou sobre o assunto. Elon Musk e representantes da Neuralink não atenderam aos pedidos de resposta da mídia. O porta-voz do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) recusou-se a comentar.