Economia e mercado 05 Jun
Desde o começo deste mês de junho de 2024, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) passou a endurecer as regras para combater chamadas abusivas de telemarketing aos usuários.
Uma das medidas previstas para evitar as ligações indesejadas é o chamado “Stir/Shaken”. Como atua esse sistema para alcançar o objetivo? O Detetive TudoCelular apurou as informações e conta a você agora.
O Stir/Shaken consiste em um protocolo internacional que funciona nativamente, sem que a pessoa precise instalar qualquer aplicativo. A tecnologia aplicada usa criptografia e tokens para a identificação da empresa de origem, a fim de garantir uma maior segurança ao usuário.
O “Stir” significa Secure Telephony Identity Revisited (identidade segura de telefonia revisitada, em tradução livre), com foco em proteção de ligações ilegais passadas por meio de VoIP. Por sua vez, o “Shaken” foca em chamadas telefônicas convencionais, por meio de token de segurança.
Na prática, a operadora que estiver com acesso a esse sistema é capaz de detectar se quem for a origem da ligação possui autorização para utilizar aquele número. Tudo por meio de análise de várias camadas, para atestar de que o contato partiu de uma empresa verificada.
A expectativa é que o protocolo traga uma série de benefícios a diferentes frentes. Uma delas consiste no consumidor. Isso porque as chamadas autenticadas concederão uma garantia de que o número de origem é real, e não tem como objetivo a prática de spoofing.
Além disso, haverá identificação da chamada para o usuário, por meio de informações em um banco de dados da própria provedora. Isso irá acontecer mesmo se o indivíduo não tiver o contato salvo na agenda.
Outra vantagem importante está na proteção contra ligações feitas por robô. Assim, a tecnologia será capaz de detectar esses números e remover da rede, para impedir que chegue até você.
A nível das operadoras, a tendência é que o Stir/Shaken torne mais livre a rede. Isso porque a aplicação do protocolo irá gerar uma redução no fluxo de chamadas no geral, ao barrar aquelas indesejadas.
Em um âmbito mais complexo do setor de telecomunicações, será possível recuperar a confiança dos clientes quanto ao receio de que ligações sejam tentativas de golpe. Além disso, na tela, aparecerá um selo de “verificado” quando houver a garantia de segurança daquele contato, como explica o especialista em telecom do Grupo Ótima Digital, Leandro Marcelino.
“Ao fornecer o nome da empresa, logomarca e motivo da chamada, além de garantir a transparência dos contatos, o stir shaken mitigará fraudes, tornando a comunicação mais confiável e fazendo com que o ambiente seja seguro para todos os usuários.”
Leandro Marcelino
Especialista em tecnologia do Grupo Ótima Digital
O principal desafio para a implantação em massa da tecnologia Stir/Shaken está na compatibilidade dos aparelhos com o recurso. Em muitos casos, a utilização dependeria de atualizações lançadas pelos desenvolvedores de sistema operacional móvel e pelas fabricantes de smartphone.
No caso dos aparelhos com o sistema operacional do Google, todos os que possuem o Android 11 ou posterior já estão aptos a funcionar com o protocolo. Isso representa 67% de toda a base nacional, segundo os dados da StatCounter referentes a fevereiro de 2024.
Do outro lado, a Apple chegou a adicionar o suporte ao recurso em seus iPhones a partir do iOS 13. Contudo, na ocasião, o software da gigante de Cupertino não permitia exibir a informação de “verificado”, o que torna ineficiente para o recebimento de chamadas de robôs.
“Embora as operadoras estejam conectadas aos sistemas necessários para a certificação das chamadas, a implementação efetiva requer uma integração mais profunda, como a troca de informações de autenticação entre si durante as chamadas, o que demanda um esforço adicional e uma coordenação cuidadosa.”
Leandro Marcelino
Em termos gerais, é bem possível que uma implantação em massa da ferramenta exija novas atualizações lançadas para os smartphones aptos, a fim de que a tecnologia seja aproveitada ao máximo. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), em matéria do Tele.Síntese, as fabricantes de celulares associadas trabalham nos updates para ativação do Stir/Shaken no Brasil.
Outro ponto de restrição está na rede móvel. Um acordo entre as operadoras definiu que a solução apenas entraria em vigor mediante à conexão em uma rede 4G ou 5G. Isso significa que os usuários ainda com acesso apenas ao 3G ou ao 2G não serão contemplados com a novidade.
A implantação do Stir/Shaken está prevista para este começo de junho de 2024, depois de ter passado por alguns adiamentos. O sistema está em fase de testes no Brasil pela Anatel desde 27 de março de 2024.
De acordo com a agência, 26 operadoras chegaram a se preparar para a adesão ao recurso. A lista inclui as grandes operadoras nacionais, como a Claro, a TIM e a Vivo.
As provedoras que não quiserem introduzir o protocolo internacional deverão continuar oferecendo os prefixos 0303 e 0304 para a identificação da origem da ligação.
Quais são as suas expectativas para a utilização do Stir/Shaken pela Anatel, no combate a ligações indesejadas? Participe conosco!
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