Um consumidor que apela para os downloads ilegais em vez de ir a uma loja comprar um jogo ou um filme costuma dar a desculpa de que, se fosse mais barato, ele compraria o produto numa boa, certo? Pois esta é uma tremenda de uma mentira. Quem usa torrent não está nem um pouco preocupado em ajudar o serviço a se manter vivo. É a conclusão que o site TorrentFreak chegou ao analisar as doações recebidas pelos maiores portais de torrents do mundo.

O PirateBay, mais popular de todos, pode exemplificar bem esse problema. O portal começou a aceitar doações em Bitcoin em 2013, e a RIAA demonstrou preocupação porque, acima de tudo, seria difícil rastrear o dinheiro. A organização temia que o PirateBay enriquecesse às custas do trabalho dos artistas (o que é um pouco irônico, se a gente pensar) e ainda seria difícil encontrar os responsáveis.

Bom, pois a preocupação da RIAA não tem fundamento algum. No ano passado, o PirateBay recebeu 376 doações que somaram 8.21 BTC, equivalente hoje a US$ 3.500 (R$ 12.462), ou US$ 9,34 por dia (R$ 33,26). Total, não por doador. Difícil imaginar alguém nadar em uma quantia tão pequena. Talvez se fizesse uma piscina de moedas de 1 centavo.

Bom, mas quem sabe outros sites não têm mais sorte com seus visitantes? Pelo contrário. O KickassTorrents, site mais visitado do segmento na atualidade, com 610 milhões de visitantes no mês de março, recebeu cerca de US$ 0,50 (R$ 1,78) por dia em doações. De novo, total, não média por doador ou visitante. Claro, o KAT não disponibiliza link para doação na página inicial, coisa que poderia aumentar de leve as arrecadações.

O ExtraTorrent, outro que recebe doações em Bitcoin, somou menos de US$ 1 diário (R$ 3,56) dos "generosos" usuários. Reforçando: essa é a média total de doações, não quanto o site recebeu por doador ou por visitante. A Netflix ganha isso com um único usuário por mês. E, mesmo com uma mensalidade justa, o serviço de streaming perde em preferência para muitos, que optam pelo gratuito e instável (porque nunca se sabe quando vai sair do ar) Popcorn Time.

Ou seja, é uma tremenda falácia o pessoal que fala que compraria jogos, filmes ou música legalmente se o preço dos produtos fosse mais baixo, já que estes consumidores sequer doam um dólar por mês para os sites que oferecem tudo gratuitamente. A verdade é que são todos uns avarentos que só pensam em si mesmos e em ter tudo o que querem de preferência sem gastar nada.