27 Novembro 2024
Após a eleição de Donald Trump entre a noite desta terça-feira (5) e a madrugada de quarta-feira (6) como o 47º presidente dos Estados Unidos, a cotação do dólar disparou em todo o mundo, devido a expectativa do mercado financeiro de mais impostos nos Estados Unidos, uma maior pressão inflacionária e, consequentemente, futuras altas na taxa de juros do país.
Contudo, uma informação equivocada do Google passou a indicar uma alta da moeda americana frente ao real maior do que de fato aconteceu. O que houve para isso acontecer? O Detetive TudoCelular apurou as informações e explica em detalhes a você nesta coluna.
Ao longo da manhã e do começo da tarde desta quarta-feira (6), quem acompanha a cotação do dólar pelo Google se deparou com valores que passaram dos R$ 6, por meio do gráfico integrado à Busca.
A cotação acima do normal começou a ser observada logo a partir de antes das 7h da manhã deste dia e chegou a apresentar altas nas horas seguintes. Em torno das 13h, o câmbio já passava dos R$ 6,19.
Entretanto, os números exibidos pela gigante de Busca estavam errados. O dólar, apesar de ter sofrido uma alta, foi para uma máxima de R$ 5,86 nesta quarta, ante R$ 5,75 no fechamento de terça (5). Porém baixou e se estabilizou na faixa de R$ 5,70. No momento de produção deste texto, aparece a R$ 5,68.
Como consequência, o erro passou a viralizar nas redes sociais, não somente com a identificação do erro da ferramenta do Google, mas sim com muitos internautas acreditando na informação equivocada. Inclusive, o termo “R$6,12” chegou a figurar no topo dos assuntos do momento no X (Twitter).
Vale destacar que o valor considerado para o gráfico e as cotações em geral do recurso se referem ao dólar comercial. O dólar turismo, no caso, não foi a referência usada e já é vendido a mais de R$ 6 em casas de câmbio.
Após horas de repercussão sobre os dados fora da realidade, o Google retirou o gráfico da sua Busca. Nem mesmo outras cotações estão disponíveis no momento em que este texto é produzido.
Ao conferir uma cotação no gráfico do Google, é possível ver ao lado do horário que a empresa apenas credita as informações a “Fontes”, sem especificar qual é a base de dados utilizada para fornecer os números.
No entanto, segundo a página do Google Finance dedicada a especificar a fonte dos dados, é informado que os valores de fechamento de câmbio são fornecidos pela Morningstar, como você pode conferir na captura a seguir:
A fonte chegou a ser encontrada por um usuário do X (Twitter), que entrou no site da companhia e constatou o erro ainda na cotação durante a manhã – quando exibia equivocadamente o valor de R$ 6,11.
Neste final da tarde de quarta-feira, depois das 15h, a cotação do dólar para o real já estava corrigida na plataforma da Morningstar.
Yep. Definitivamente é a fonte. pic.twitter.com/GtvyMx8Hid
— Lambisgóio russo isento de ICMS. (@Lambisgovski) November 6, 2024
O que houve no Brasil não foi o primeiro caso de erro do recurso do Google. A gigante de Mountain View já passou por algo similar em 15 de março deste ano, ao informar a cotação errada do ringgit – moeda da Malásia.
Na data em questão, a Busca do Google exibia um valor de 4,98 ringgit por dólar, quando os dados oficiais fornecidos pelo Bank Negara Malaysia (BNM) indicava a moeda a 4,7075 por dólar.
O BNM emitiu um comunicado um dia após o erro para explicar que as informações da ferramenta da gigante de buscas estavam “imprecisas” e que havia ocorrido o mesmo erro em 6 de fevereiro. Já o Google Malásia veio à público se desculpar pelo erro apenas três dias depois, além de informar que o problema havia sido solucionado.
O Detetive TudoCelular entrou em contato com a assessoria do Google para entender quais os motivos por que houve a indicação errada no gráfico exibido na Busca. Em resposta a esta coluna, a empresa informou que o recurso de câmbio de moeda se baseia em dados de terceiros.
A companhia ainda acrescentou que, quando existem imprecisões, remove as informações e trabalha com o provedor para a correção. Você pode conferir a nota completa a seguir:
“Recursos da Busca como o “câmbio de moeda” são baseados em dados de terceiros e, em caso de imprecisões, nós removemos as informações da Busca e trabalhamos com o provedor dos dados para ajustá-las o mais breve possível. Mais informações sobre nossas fontes de dados podem ser encontradas aqui.”
A coluna também entrou em contato com o departamento internacional de relações públicas da Morningstar, para entender o porquê do erro. Até o momento de publicação deste texto, não houve qualquer resposta.
O espaço permanecerá aberto para maiores esclarecimentos no futuro.
Atualização (06/11/2024, às 23h30): Na noite desta quarta-feira (6), a Morningstar respondeu o pedido de esclarecimentos do TudoCelular. De acordo com o porta-voz da empresa, os dados de câmbio são enviados por colaboradores terceirizados, um dos quais teria inserido informações erradas sobre a variação do dólar para o real. Veja a nota na íntegra:
“A Morningstar gera seus dados de câmbio com base em envios de taxas de colaboradores terceirizados conhecidos. Em 6 de novembro, dados ruins e errôneos de um desses colaboradores fizeram com que os dados de câmbio do Brasil se desviassem temporariamente do mercado. Uma vez identificado, a Morningstar resolveu o problema em questão de horas. A Morningstar está comprometida com a qualidade e a precisão de seus dados, e estamos trabalhando para evitar ocorrências semelhantes no futuro por meio de medidas elevadas de garantia de qualidade.”
Porta-voz da Morningstar
Você chegou a se confundir com o câmbio errado do dólar exibido na Busca do Google nesta quarta? Como descobriu que estava equivocado? Conte para a gente no espaço abaixo.
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