Economia e mercado 07 Fev
Um consórcio formado por diversas empresas de telecomunicações do Japão – entre elas, DOCOMO, NTT Corporation, NEC Corporation e Fujitsu – criou um dispositivo protótipo para testar a velocidade 6G de conexão móvel.
E o teste em si não só foi bem sucedido, como também foi histórico após atingir velocidade média – estável – de 100 gigabits por segundo (Gbps) a uma distância de 100 metros (m) entre os dois pontos de conexão. Em termos práticos, isso é 20 vezes melhor do que a média do atual 5G. Vale citar que testes anteriores almejavam uma velocidade de um terabit por segundo (Tbps).
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O teste foi conduzido em 11 de abril, mas apenas agora seus resultados tornaram-se conhecidos pelo público. Segundo um comunicado de uma das empresas, ele foi conduzido em dois pilares: uma fase em ambiente interno fechado, na banda de 100 gigahertz (GHz); outra fase em ambiente externo, na banda de 300 GHz, um pouco abaixo do espectro infravermelho.
A pesquisa pela sexta geração da internet móvel já começou há anos: o atual 5G começou a ser disponibilizado em meados de 2019, mas na mesma época diversos players do setor de telecomunicações ao redor do mundo começaram a estudar o salto seguinte para a internet portátil.
Segundo a GSM Association – entidade que controla a parametrização técnica e o lançamento de novas gerações de internet móvel – o plano é levar o 6G a comercialização pública na década de 2030 (embora uma operadora chinesa já tenha um satélite que suporte o 6G lançado no espaço).
Resumir o aprimoramento do 6G em relação ao 5G a apenas “velocidade de conexão” não é errado, mas acaba escondendo alguns detalhes importantes quanto à sua funcionalidade. O segredo é a faixa eletromagnética onde ambas as conexões trabalham.
No caso do atual 5G, estamos falando de uma operação de transmissão entre as faixas de 6 GHz e 40 GHz – ambas conhecidas como “bandas de ondas milimétricas”.
Já o 6G usa o que especialistas chamam de “bandas sub-THz” (sigla para “terahertz”, uma escala acima dos “gigahertz”), que existem nas faixas entre 100 GHz e 300 GHz. Bandas maiores igualam velocidades maiores.
O problema de trabalhar em bandas tão altas é a questão da interferência: o 5G atual tem faixas e velocidades inferiores, é verdade, mas a geração atual de conexão não enfrenta quase nenhum ruído de comunicação que possa desacelerar – ou mesmo paralisar – a transmissão de dados.
Nas bandas maiores, isso é especialmente mais provável de acontecer em ambientes fechados, devido à presença de outros sinais no mesmo ambiente – em outras palavras: é bem mais fácil, ainda, sua “internet cair” com uma conexão 6G do que com uma conexão 5G.
Esta é, como diz a expressão, a “pergunta de um milhão de dólares” que pesquisadores estão tentando responder. O teste acima não falou nada sobre potenciais interferências ou por quanto tempo a conexão foi mantida – embora parte dele tenha sido conduzida em ambientes fechados, o que é animador. Ainda assim, é impossível aferir a qualidade total da conexão, apenas sua velocidade média.
Enquanto o salto do 4G para o 5G viu nós ampliarmos as transmissões de dados voltados a vídeos e sons de alta qualidade, renderização gráfica em jogos (como o ray tracing se tornando mais e mais evidente, por exemplo), o 6G, especula-se, pode trazer a era da visualização holográfica de dados, ampliando ainda mais o paradigma de transmissão de pacotes de informação.
Para isso, a estrutura atual precisará de revisões e renovações, o que ainda não está muito perto de acontecer.
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