Uma ação judicial em andamento nos Estados Unidos investiga o acordo entre o Google e a Apple, duas das maiores empresas de tecnologia do mundo, para que o mecanismo de buscas mais popular do mercado permaneça como o motor padrão do Safari, navegador pré-instalado em todos os modelos de iPhone, iPad e Mac.

De acordo com uma reportagem divulgada pelo The Verge na segunda-feira (20), os diretores-executivos das empresas buscavam ter uma “conexão profunda”. As informações foram extraídas das notas de uma reunião que contou com a participação de Tim Cook, CEO da Apple, Sundar Pichai, CEO do Google, e outros executivos em 2018.

Segundo as anotações, Tim Cook teria afirmado que imaginava uma parceria sólida entre Apple e Google. A reportagem aponta que o executivo reforçou, várias vezes ao longo da reunião, que essa parceria incluiria um “melhor compartilhamento de informações”, embora não haja clareza quanto ao tipo de dados que seriam negociados.

Aos executivos do Google, o CEO da Apple teria afirmado:

Imagino que sejamos capazes de ser profundamente parceiros; profundamente conectados, onde terminam nossos serviços e começam os seus, e não veem nenhum impedimento natural para fazermos mais juntos.

Em determinado momento, Sundar Pichai, CEO do Google, disse:

Gostaríamos de ver os números do iPhone crescerem, e trabalharemos de boa-fé para responder às perguntas que você nos enviar. [...] Nossa visão é que trabalhemos como se fôssemos uma só empresa. Há relutância de ambas as partes em compartilhar coisas. Seria ótimo superar isso. Voltamos a um bom lugar há algum tempo: construir um aplicativo do Google que realmente oferece uma ótima experiência.

Na fala de Pichai, observar “os números do iPhone crescerem” poderia ser uma alusão para seu acordo em manter o Google como buscador padrão do Safari. Com um aumento nas vendas do iPhone (e outros produtos da Apple), seria natural que os usuários acessassem os serviços da gigante das buscas assim que passassem a utilizar o dispositivo.

A fonte afirma que sua oportunidade de transcrever o áudio da reunião foi curta, portanto, não há muita clareza sobre quais executivos proferiram as falas identificadas. O conteúdo, de qualquer modo, pode reacender as preocupações de autoridades quanto a um possível duopólio no mercado de tecnologia caracterizado pela Apple e Google.

O caso do acordo para manter o Google como mecanismo de busca padrão do navegador da Apple é apenas um de vários ramos da suposição de que ambas as empresas representam um duopólio no mercado de tecnologia.

Dados do StatCounter indicam que o Google Chrome e o Safari são os navegadores web mais utilizados do mundo, representando juntos um total de 83% de market share. Ambos têm o Google — líder absoluto entre os serviços de pesquisa na web com mais de 91% das buscas — como mecanismo padrão. O Microsoft Edge, em terceiro lugar, utiliza o Bing.

“Por melhores que sejam muitos de seus serviços e produtos, seu forte controle sobre os ecossistemas móveis permite que eles excluam os concorrentes, retendo o setor de tecnologia britânico e limitando as escolhas”, disse o ex-presidente-executivo da Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA) do Reino Unido, Andrea Coscelli.

O Reino Unido está na vanguarda das investigações sobre impacto da dominância da Apple e Google — seja no mercado de sistemas operacionais para celulares ou através de uma parceria para manter a liderança da busca do Google.