
13 Julho 2022
The Last of Us é tido por muitos jogadores como o melhor jogo do PS3 e alguns até arriscam a alegar que seria o melhor da geração passada. Sem dúvidas o game da Naughty Dog foi um divisor de águas, assim como a sua continuação será.
Depois de sete longos anos de espera, eis que The Last of Us Parte II finalmente chega já no finalzinho de vida do PS4 com a promessa de explorar todo o potencial do atual console da Sony e superar o capítulo anterior em todos os sentidos.
Tudo poderia ter saído como a Naughty Dog planejava, se uma brecha de segurança em seus servidores não tivesse permitido que hackers roubassem o roteiro do jogo e revelassem ao mundo muitos spoilers da trama. Isso foi suficiente para arruinar a experiência? Por mais que você já saiba como a história acaba, ainda vale a pena ver como ela será contada diante dos seus olhos. E nisso The Last of Us Parte II faz de forma magistral.
The Last of Us Parte II começa com Joel explicando para seu irmão mais novo Tommy o que aconteceu anos atrás. É aqui que temos um rápido resumo dos eventos do primeiro jogo para dar uma refrescada na mente de quem jogou o game há muito tempo.
Se você não jogou ainda o primeiro capítulo, é muito importante que faça isso antes de partir para o novo. A Sony lançou uma versão remasterizada de The Last of Us para PS4, que inclusive tem suporte a 4K e 60 fps no PS4 Pro.
Mas diferente do primeiro jogo em que controlamos o Joel, neste você assumirá o papel da Ellie, o que dá uma perspectiva diferente do mundo, mostrando que ela por mais que tenha crescido e já seja uma mulher ainda flerta com o mundo da adolescência.
Além de Tommy e sua esposa Maria, presentes desde o início do primeiro jogo, somos apresentados a vários novos personagens em The Last of Us Parte II. Temos Jesse e Dina que fazem parte do grupo da Ellie e também Yara e Lev que estão no núcleo da Abby.
Enquanto o primeiro game basicamente foca apenas na relação paternal entre Joel e Ellie, o segundo capítulo tenta dar atenção igual a todos os seus personagens, o que faz com que Ellie não seja o centro das atenções o tempo inteiro e isso pode frustrar alguns fãs.
Enquanto o primeiro jogo tinha uma narrativa mais simples, o novo mostra que as ações do Joel geraram várias consequências e isso impacta de forma violenta não apenas na vida da Ellie, como na de todos que fazem parte da comunidade Jackson.
O que era uma simples jornada em busca dos Vagalumes e da cura para a epidemia do fungo Cordyceps que dizimou e transformou a maior parte da população mundial em mutações bizarras, temos nesta continuação uma trama mais sombria, violenta e que tem o ódio como sua principal motivação.
Algo muito trágico acontece aos moradores da comunidade Jackson, o que os forçam a partir para retaliação contra a facção WLF (Washington na Luta pelo Futuro), que são chamados no jogo apenas de Lobos. E é aqui que somos apresentados à segunda protagonista do jogo: Abby.
Até onde você iria por vingança? Essa é a pergunta que The Last of Us Parte II nos faz
Essa mudança na forma como a história é contada pode ser o maior impacto para os fãs do primeiro game. Essa mudança foi importante para vermos os dois lados da mesma história, porque por mais que você ache que a Ellie seja a heroína em busca de justiça, tudo pode mudar a depender do ponto de vista.
The Last of Us Parte II desafia como raramente o próprio conceito de herói, sua construção ou justificativa, e questiona o jogador sobre suas próprias motivações, e o padrão que ele conscientemente ou não projeta sobre os outros.
Os argumentos e os acontecimentos se desenrolam de uma maneira que possivelmente ninguém espera, e mesmo se você tentar adivinhar o que está por vir, ainda acabará sendo surpreendido.
A forma como recebemos as informações, vinculamos os eventos e abrimos as respostas para muitas perguntas são basicamente sublimes. A história não desanda em nenhum momento nas suas 30 horas da campanha (no modo normal), e esse também é um ponto muito importante.
A Naughty Dog sempre deixou claro que The Last of Us não é uma história simples com tudo sendo definido como preto ou branco. O jogador precisa entender que entre essas duas cores há várias tonalidades de cinza. Ninguém é perfeitamente herói ou 100% vilão. Cada personagem tem sua parcela de culpa e só percebemos isso quando você assume o controle de cada um e vê os mesmos acontecimentos de pontos diferentes. É isso que torna o jogo tão complexo e complicado de ser digerido logo de cara.
Se você é do tipo que espera por finais felizes em que o protagonista alcança seu objetivo exatamente como ele havia planejado em sua cabeça, então prepara-se para ficar decepcionado: The Last of Us são foi feito para você.
Você deve estar se perguntando: por que os jogadores estão compartilhando resenhas raivosas pela Internet se o jogo aprimora tudo de bom que o primeiro já tinha? Por mais que alguns não lembrem, a Ellie é uma personagem LGBT+ e isso ficou claro desde a DLC Left Behind do primeiro The Last of Us.
Há cenas de romance com a Dina em vários pontos da jornada, incluindo até uma cena de sexo não explícito. E claro que a maioria preferiria uma personagem hetero como protagonista da história... e até temos: a Abby. Em 30 horas de jornada, você verá poucos minutos de troca de afeto entre o casal. Esse não é o foco da história e não deveria incomodar tantas pessoas.
Temos também o fato de que vários personagens morrem durante a jornada e como estamos em um mundo cruel pós-apocalíptico onde vence o mais forte, era de se esperar que o seu personagem queridinho possa não chegar vivo até o final. Então esteja preparado para tudo.
Talvez o ponto mais polêmico seja o final, que alguns não entenderão a importância das ações tomadas por Ellie e Abby. Se você está preocupado com spoilers, não precisa temer, quando formos dar algum avisaremos antes para que você pule todo o segmento de spoilers.
OBS.: Gameplay acima não contém spoilers
Se o modo como a história é contada mudou, o gameplay mantém muito da mecânica do antecessor. Tivemos melhorias na movimentação e agora é possível rastejar completamente pelo chão. Desta forma, temos três posições: firme, agachada e deitada. Quando nos deitamos, podemos passar muito mais despercebidos ou até mesmo ficar sob carros e estruturas, fazendo com que as possibilidades de ação sejam muito diversas em todos os momentos.
A inteligência artificial dos NPCs foi aprimorada, seja dos aliados ou inimigos. Quem está lutando ao seu lado não ficará mais atrapalhando o seu caminho e também não ficará correndo pelo cenário alertando os inimigos. Claro que isso muda com o nível de dificuldade escolhido ao jogar, então se você escolher a opção mais fácil até mesmo os rivais serão um pouco burros.
Ainda é necessário sair vasculhando tudo em busca de munição, novas armas, peças para aprimoramentos do equipamento e pílulas para melhorar as habilidades do personagem. Abby e Ellie possuem habilidades distintas, assim como acesso a armas diferentes. Então é preciso encontrar suprimentos para as duas.
Os cenários estão muito mais amplos do que no primeiro jogo. Parte da herança de Uncharted: Lost Legacy. Você pode entrar em praticamente qualquer casa, prédio ou loja. É importante explorar para encontrar recursos e que ficam mais escassos ao jogar na dificuldade mais alta. Você também terá que vasculhar andar por andar, o que torna o jogo muito mais vertical.
Parte da culpa do game ter 30 horas média de duração está justamente no fator exploração. E não há como seguir sem isso pois terá que enfrentar os inimigos sem ter munição. Você pode adotar uma estratégia mais furtiva e matar todos na base da faca, mas acaba perdendo ainda mais tempo, ainda mais quando os cachorros conseguem farejar o seu cheiro e revelar o local que está escondido.
The Last of Us Parte II é o jogo AAA com a maior acessibilidade
A Naughty Dog fez questão de tornar The Last of Us Parte II o mais acessível possível, para que pessoas que possuam alguma deficiência visual, auditiva ou mesmo motora consigam jogar. O jogo possui mais de 60 configurações de acessibilidade que permitem destacar inimigos deixando-os mais visíveis, até mesmo através de paredes ou plena escuridão. Ou mesmo informar ao jogador sobre suprimentos por perto por base de alertas sonoros e muito mais.
Pela primeira vez é possível configurar totalmente o controle em um jogo da empresa. Isto permite que você mude todo comando para outro botão ou função, incluindo o touch pad, movimentos de deslizar e vibração. Já que segurar ou pressionar botões rapidamente pode ser difícil para alguns jogadores.
Elementos do texto, UI, e gameplay que são muito pequenos ou difíceis de ler podem ser frustrantes. Visando estes problemas, foram criadas opções de sintonia fina para o tamanho, cor e contraste do HUD. Há também um Ampliador de Tela, que permite você fazer zoom-in em qualquer parte da tela usando o touchpad do DualShock 4.
Nem todo mundo curte o efeito de motion blur que dá maior fluidez a jogos que rodam a 30 fps. Se você se sente enjoado com isso é possível alterar a movimentação da câmera, desfoque de movimento, distância de câmera e até o campo de visão. Também há uma opção para ter um ponto branco permanente no centro da tela, que pode ajudar a aliviar a sensação.
Se você tem dificuldade em resolver quebra-cabeças ou se perde facilmente em mapas muito grandes, também há opções de orientação que podem ser ativadas para guiar o jogador. E até mesmo a dificuldade do jogo pode ser ajustada de forma granular, indo muito além das cinco opções de dificuldade oferecidas ao iniciar a campanha.
Quando The Last of Us Parte II foi mostrado pela primeira vez na E3 de 2016 ele chegou a impressionar pela qualidade gráfica. Parecia que estávamos diante de um jogo de PS5, mas era apenas um CGI e não o gráfico real do game.
Em 2018 tivemos o primeiro acesso ao gameplay rodando em tempo real e mais uma vez foi surpreendente ver todos os detalhes daquele mundo sombrio. Infelizmente, tenho uma má notícia para dar: o jogo está bonito graficamente, mas fomos enganados pela Naughty Dog.
O produto final apresenta vários retrocessos, seja na qualidade de algumas texturas (especialmente carros), vegetação mais escassa, reflexos na água ou mesmo a névoa na floresta foi removida.
Por que isso aconteceu? O hardware do PS4 já é antigo e provavelmente estava sofrendo para segurar os 30 fps o tempo todo. A solução foi reduzir os gráficos para manter o padrão de qualidade que a Sony exige.
Ainda assim, The Last of Us Parte II é um dos jogos mais bonitos para PS4 e supera e muito o seu antecessor, até mesmo a versão remasterizada. A parte mais impressionante está na captura facial dos personagens, mostrando um belo avanço ao que vimos anteriormente em Uncharted 4. Você consegue ver as expressões de raiva, angústia e felicidade dos personagens de forma que parecem pessoas reais.
The Last of Us Parte II roda em 1080p no PS4 e 1440p no PS4 Pro, ambos limitados a 30 fps
O TudoCelular jogou do início ao fim no PlayStation 4 Pro e foram muito raros os momentos em que se percebe alguma queda na fluidez. Alias, a execução do motion blur é impressionante e temos um jogo mais fluído que outros que também rodam a 30 fps.
Porém o peso gráfico exige bastante do hardware e o console esquenta mais que em outros jogos, fazendo o cooler trabalhar em velocidade alta o tempo todo. Se prepare para aumentar o volume da TV ou usar fones de ouvido se não quiser ser atrapalhado pelo barulho irritante.
ATENÇÃO: A partir daqui haverá spoilers. Se você não quer que sua experiência seja arruinada, recomendo fortemente fechar a análise ou pular diretamente para a conclusão.
O que faz de alguém uma pessoa boa ou má? O ponto de vista em que você analisa as suas ações. É preciso entender isso e não julgar alguém apenas pelo lado dela na história. Se você não é capaz de compreender isso, então nem perca seu tempo lendo o restante da análise.
O primeiro The Last of Us começa com Joel e sua filha tentando sobreviver ao estouro da epidemia, quando os primeiros infectados surgiram e saíram gerando caos pelas ruas. Ele acaba perdendo a criança neste processo e decide levar uma vida totalmente diferente enquanto luta pelo luto que o devora por dentro.
Ele perde seu rumo, vira contrabandista para conseguir sobreviver em um mundo caótico. Temos que julgá-lo? Sobreviver é a reação mais primitiva de qualquer ser humano, e ele vai usar isso como desculpa para justificar os seus atos.
Em nenhum momento o Joel escondeu quem ele havia se tornado. Em vários momentos do primeiro jogo é dito que o protagonista tinha feito coisas de que se envergonhava. Ele tirou a vida de muitas pessoas inocentes apenas pela luta pela sobrevivência. O jogo nunca chega a mostrar nenhuma cena, cabendo ao jogador apenas entender a dor e o remorso estampados na cara do personagem.
Quando o Joel esbarra com a Ellie e descobre que ela é imune ao fungo, ele tenta se redimir de tudo de ruim que fez e decide levar a garota até os Vagalumes. Havia rumores de que seria possível criar uma vacina que tornaria as pessoas imunes à praga, desde que um infectado conseguisse sobreviver com o hospedeiro em seu organismo.
A jornada do primeiro jogo consiste em basicamente isso: Joel ter que levar Ellie até os Vagalumes. O problema é que ele começa a ver na garota a filha que perdeu anos antes. Quando os dois finalmente chegam no hospital e Ellie já está pronta para a cirurgia ser feita, ele descobre que ela não conseguiria sobreviver quando o hospedeiro fosse removido.
E aqui ele tem uma escolha a fazer: deixar o instinto paterno falar mais alto e salvar a vida da Ellie ou deixá-la ser sacrificada em prol de um bem maior. Como ele decidiu ir na opção mais emocional, acaba matando a equipe médica e sai correndo do hospital com a Ellie em seus braços.
Por que temos duas protagonistas no segundo jogo? Quem é Abby? Por que ela é importante? Ela é filha do cirurgião chefe responsável pelo desenvolvimento da vacina e que foi assassinado pelo Joel quando a Ellie foi resgatada do hospital.
Agora imagina se a vacina para a Covid-19 jamais chegasse a ser produzida por culpa da escolha de uma única pessoa e tivéssemos que ver nossos amigos e familiares serem mortos pelo coronavírus. O que você sentiria por essa pessoa?
É aqui que a Abby ganha importância na trama. Ela reúne aqueles que estavam revoltados com o Joel e decide partir em busca de vingança. E o que muitos jogadores estão indignados é que a nova protagonista mata o protagonista do jogo anterior. Isso gerou revolta, pois o “herói idôneo” teve um fim que não merecia. Será mesmo? E todas as vidas que ele tirou e os milhões que morreram por culpa da escolha que ele fez?
Após a morte de Joel, Ellie decide ir atrás da Abby em busca de vingança. No caminho acaba matando todos que encontra, incluindo cachorros. A Ellie chega até a torturar pessoas para obter a localização da sua inimiga.
Ela falha em sua jornada de encontrar Abby e decide voltar para Dina e Jesse. Mas quando a nova protagonista encontra os corpos dos seus amigos, ela não pensa duas vezes em ter um acerto de contas com a Ellie.
Ao se encontrarem ela deixa claro que o problema dela era só com o Joel e que Ellie não deveria ter se metido. No meio da briga, Abby quase chega a matar Ellie e Dina, mas acaba desistindo porque sabia que aquilo não levaria a nada.
O problema é que Ellie não via dessa forma e ainda foi atrás da rival mais uma vez em busca de sua vingança. Ela não sossegaria enquanto não tirasse a vida de Abby. No momento final do jogo, quando ela está quase estrangulando a inimiga, acaba desistindo de última hora.
É só aqui que ela percebe que terá que viver com a culpa pela escolha feita pelo Joel anos antes e que a morte da Abby não mudaria nada. Ela poderia ter morrido em troca da cura para a praga, teria poupado a vida do pai da Abby e elas não teriam matado tanta gente inocente em busca por vingança. Não era Abby a vilã da história, mas sim aquele que foi seu pai e seu mentor.
Na cena pós-crédito vemos que a Ellie decide partir e não sabemos que rumo a garota tomou, mas ela abandonou o violão. O instrumento representava Joel, que a ensinou como tocar. Ao fazer isso, ela tenta se livrar da culpa das escolhas dele e busca seguir uma nova vida por si só.
The Last of Us Parte II conseguiu não apenas repetir o feito do seu antecessor de surpreender e fascinar, como consegue até mesmo superá-lo. É um jogo que você amará ou odiará, vai depender de como você processa todas as informações jogadas cruelmente na sua cara.
Se você tem um PS4, saiba que The Last of Us Parte II é um jogo obrigatório para você. Se não jogou a primeira parte, é fundamental fazer isso antes de partir para o novo. Tenha em mente que este não é um jogo para todo mundo. Ele é brutal, violento e tem uma carga emocional bastante carregada.
É o tipo de jogo que vai fazer você pensar e repensar tudo que viu por dias ou semanas. Ele vai te fazer se sentir culpado por apertar o gatilho na hora de apontar a arma para um inocente e tirar a sua vida... tudo isso só para alimentar a vingança das protagonistas.
O TudoCelular não possui um sistema de pontuação para notas de jogos como temos em nossas fichas de celular, mas se tivéssemos então The Last of Us Parte II receberia nota máxima.
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